, Olá gente! Como estão? Fazia tempo que não postava um poema não é? Pois postarei três que se completam, em verdade.
Germinal - Menotti Del Picchia (Juca Mulato)
V
Juca Mulato cisma. Olha a lua e estremece.
Dentro dele um desejo abre-se em flor e cresce
e ele pensa, ao sentir esses sonhos ignotos,
que a alma é como uma planta, os sonhos como brotos,
vão rebentando nela e se abrindo em floradas...
Franjam de ouro, o ocidente, as chamas das queimadas.
Mal se pode conter de inquieto e satisfeito.
Adivinha que tem qualquer coisa no peito,
e, às promessas do amor, a alma escancara ansiado,
como os áureos portais de um palácio encantado!...
Mas, a mágoa que ronda a alegria de perto,
entra no coração sempre que o encontra aberto...
Juca Mulato sofre... Esse olhar calmo e doce
fugiu-lhe como a luz, como luz apagou-se.
Feliz até então, tinha a alma adormecida...
Esse olhar que o fitou, acordou para a vida!
A luz que nele viu deu-lhe a dor que ora o assombra,
como o sol que traz a luz e, depois, deixa a sombra...
VI
E, na noite estival, arrepiadas as plantas
tinham na comoda negra umas roucas gargantas
bradando, sob o luar opalino, de chofre:
"Sofre, Juca Mulato, é tua sina, sofre...
Fechar ao mal de amor nossa alma adormecida
é dormir sem sonhar, é viver sem ter vida...
Ter, a um sonho de amor, o coração sujeito
é o mesmo que cravar uma faca no peito.
Esta vida é um punhal com dois gumes fatais;
não amar, é sofrer; amar, é sofrer mais!"
VII
E, despertando à Vida, esse caboclo rude,
alma cheia de abrolhos,
notou, na imensa dor de quem se desilude
que, desse olhar que amou, fugitivo e sereno,
só lhe restara ao lábio um travo de veneno,
uma chaga no peito e lágrimas nos olhos!
Sem mais!
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