sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Quem é o amor da sua vida?

Estava parada me olhando no espelho e me procurando. Sabe quando a gente se procura fora da gente? Então, eu estava ali, me olhando... E encontrei meu cabelo irregularmente curto, do jeitinho que eu gosto; (várias) sardas; um nariz admirável, com o piercing que sempre esteve lá eu acho; a sobrancelha um pouco irregular; algumas micro espinhas; olheiras bem fundas - essas que marcam que a gente mal dorme -. Achei dois peitos grandes e caídos (talvez de carregar tanto sentimento); a cintura desproporcional ao resto, fina... (Só consegui ver até aí, o espelho do meu quarto é de meio corpo). Examinei de novo meu rosto, esperava definitivamente, encontrar alguma resposta, qualquer coisa. Vi, nos meus olhos, todo um mar de coisas e janelas e portas. Um cinza profundo, como quando vai cair uma tempestade. Você teme a tempestade, mas ainda assim admira a cor do céu.
Foi nesse par de olhos que encontrei alguma coisinha e me peguei pensando: "será que já fui o amor da vida de alguém?". Eu sei, caro leitor ou leitora, ou melhor, cara-pessoa-que-está-gastando-seu-precioso-tempo-lendo-essa-baboseira. Eu sei que essa coisa de 'amor da vida' é algo socialmente projetado e trabalho em nós, por filmes românticos e histórias que nos dizem que talvez seja impossível ser feliz sozinho (a gente é tudo feliz sozinho, mas isso é assunto pra outra postagem).
Eu tive, ao todo, 7 relacionamentos. Comecei a namorar bem cedo mesmo, com 8 anos. Certo, era namorico de criança, coisa de pegar na mão e no recreio dividir o lanche; escolher sempre como dupla pros trabalhos da escola, etc. Mas foi namoro, vai. Meu primeiro namoro adolescente, eu tinha 13 anos e achava que já era adulta o suficiente. Acabou com 9 meses de relacionamento intenso, juras de amor, planos... A-c-a-b-o-u. Terminou como terminaram tantos outros dos namoros da adolescência, sem maiores traumas.
Preciso dizer aqui, dizer não, revelar, que eu sou uma pessoa APAIXONADA; dessas que se joga de cabeça mesmo, e se doa. Eu acho que sempre estive apaixonada (desde aqueles 8 anos). Tive um relacionamento abusivo - que também não é o assunto desse texto -, durou quase 4 anos. Depois desse, tive um relacionamento de 6 anos. Eu imagino sua cara de "COMO É???", mas foi isso, foram 6 anos. Teve seus altos e baixos. E agora, mais recentemente, estou em um relacionamento há 2 anos.
Eu sempre achei que aquele namorado era o amor da minha vida. Todos eles, em todos eu apostei as fichas e disse "não, esse é o amor da minha vida, agora eu sei" - minhas amigas e amigos estão já enjoados de ouvir isso, acho -. Eu estou errada?
A minha percepção de 'amor da vida' pode ser bastante da construção romântica que falei ali em cima, mas também é de uma esperança. Também é a sensação de se conhecer, saber quem você é, enxergando no outro o que você gosta e o que não gosta. Acho que relacionamento serve muito mais pra autoconhecimento que qualquer outra coisa. Bom, 7 namorados e eu ainda acho que sei menos sobre mim do que sei sobre eles... Nossa, eu viajei aqui, vamos voltar ao tema principal, desculpa. Supondo que exista um 'amor da vida', eu acredito que o amor da sua vida é o seu amor naquele momento. Tudo o que a gente tem é o hoje, portanto, sua vida é o hoje e o agora. Não é porque um relacionamento durou menos que minha expectativa de vida, que não foi o amor da minha vida.
Mas será que eu fui o amor da vida de alguém? Será que sou?
Você acredita em 'amor da vida', cara-pessoa-que-está-gastando-seu-precioso-tempo-lendo-essa-baboseira? (Se você chegou até aqui, você é perseverante. Não sei se está esperando um texto realmente bom e tal, mas isso é tudo de mim).
Era tudo o que eu tinha pra dizer, por hora. Espero que você que está lendo isso encontre o que estava procurando - nem que sejam erros de português -.

Vou aproveitar que hoje seria aniversário do poetinha e deixar um trecho aqui daquele soneto repetido à exaustão por casais apaixonados. Talvez eles não se deem conta do significado desse trecho:

"(...)
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."