sexta-feira, 24 de maio de 2019

A escolha da dor e outras historias

É engraçado como só volto pra cá quando a dor é insuportável e sei que ninguém mais vai entender. Acabo usando o recurso de escrever sobre nada, para ninguém, numa tentativa vã de sarar a dor.
Recentemente ouvi de alguém muito querido "e você resolveu transformar o que eu disse em algo que doesse em você". Assumo que no momento em que ouvi isso (e não estava preparada) eu respondi à altura, com toda dor que estava sentindo... Como é possível alguém afirmar que eu escolhi o caminho da dor? Parece absurdo, não é?
Desde então - porque fui contemplada com a miséria que é não esquecer o que as pessoas me falam - venho refletindo sobre isso...
Talvez isso que ele me disse seja mais uma negação sobre a responsabilidade que temos com o outro. Talvez ele não tenha percebido, quando disse, o efeito que isso teria. E quantas e quantas vezes nós falamos, escrevemos sem refletir por 2 segundos em como o outro vai receber nossa ação.
Não sei se por falta de praticar empatia ou por total segurança de que aquilo será tido da melhor forma possível... Vivemos esperando do outro. Eu sempre espero o melhor do outro, e mesmo assim, algumas coisas doem.
Ninguém pode ser culpado, tampouco se culpar, por aquilo que sente. A gente só sente e pronto. O sentir não é errado.
Então, não. Não escolhi ler aquilo de modo que doesse. Aquilo simplesmente doeu. Doeu e dói. Hoje um pouco mais.