terça-feira, 17 de novembro de 2020

Abismos

 Acordei bem cedo hoje (isso era previsto e, sendo honesta, quase não dormi essa noite).

Coloquei uma música que estou viciada e me ajuda a refletir, talvez por não entender a letra e só a sentir dentro de mim... (O link vai no fim da postagem)

Vou tentar me ater ao que está em meus pensamentos nesse momento, embora seja muito difícil organizar todas as coisas transbordantes dentro de mim. 

Já parou para pensar quantos abismos enfrentamos em nossas vidas? Por exemplo, esse abismo entre o que nós queremos sentir e o que de fato sentimos - é o que estou enfrentando agora -. É tão complexo quanto parece, caro leitor. Aposto que você, assim como eu, antes de dormir, imagina situações na sua cabeça e, com isso, sua possível reação, certo? Dentro de nós, sabemos cada sensação e entre devaneios, tentamos prever nossa reação. É, na vida real não reagimos como esperávamos, certo? Não sei vocês, mas acho que eu sou uma atriz orgânica nessa vida. Não consigo dissimular reações e assim que tento o vislumbre da reação que eu deveria ter, meus olhos denunciam a mentira.

Então, como enfrentar esse abismo? Não é uma retórica, é um pedido de ajuda! Meu método "vou fazer de tudo para aproximar meu coração daquilo que quero sentir" não está sendo tão eficaz. Está tudo bem chorar, sabe? Sou adepta inclusive, porém, como fazer para que doa menos?

Me desculpem o excesso de pausas nesse texto, talvez seja meu jeito de tentar sentir o que eu sinto de um jeito diferente: saboreando aos poucos a situação. Não funciona, só pra avisar hahaha

O que eu quero frisar aqui, em meio aos pensamentos desorganizados de alguém que sente muito e muitas coisas, é que, às vezes, poucas, admito, é possível aproximar a beira das pedras do fim desse abismo. Mesmo que ainda sinta uma dorzinha lá no fundo, eu consigo diminuir a distância entre o que eu gostaria de sentir e o que sinto. Já considero isso uma vitoria.

De vez em quando, tudo o que a gente quer é não se sentir um estranho nesse mundo todo. O que a gente quer, no fundo, é saber que tem alguém que sente como a gente e essa pessoa vai entender nossas reações e nosso sentir, sem nos julgar. Isso ajuda bastante, é, por vezes, quem puxa a corda que te tira do abismo.


(Link da música: https://youtu.be/8qcSdqc7QYo )

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Todas as coisas que nunca te disse e outras linhas

Você me deixa nervosa, não de um jeito ruim (ou muito ruim)... Eu fico nervosa quando tenho que despir meu cérebro perto de você. É o medo de que descubra que não sou tão inteligente assim. Parece que, se eu disser uma coisa errada, por menor que seja, acabou.
Muitas vezes eu sei a resposta das coisas que você pergunta. Sei porque leio, estudo. Sou apaixonada por essa ciência da terra, pelo jeito de contar história através do chão que pisamos. Entretanto, sou capaz de esquecer meu nome, tamanha insegurança que me habita.
Ao mesmo tempo, não lembro da última vez que me senti tão a vontade perto de alguém assim como você... Conversando, almoçando, nua.
Você fez com que eu me sentisse no caminho certo pela primeira vez, em muitos, muitos anos. Isso aconteceu através de suas palavras e o jeito de confrontar a vida, a ciência e suas complicações.
Às vezes eu só quero fugir pro mato. Ficar longe de tudo, de todo mundo. Existir num lugar no qual pudesse ler e reler aquelas linhas e escrever as minhas próprias.
Eu tenho medo, muito medo. Mesmo que o pior que poderia me acontecer já tenha me atingido, eu tenho medo que esse meu lugar não seja meu e então, eu não saberia o que fazer.
Eu choro muito, por exemplo, estou chorando agora enquanto escrevo. E me sinto sozinha, inúmeras vezes. Em algumas dessas eu gostaria de te chamar pra tomar uma cerveja e jogar conversa fora.
Amo abraços, mesmo. Alguns são capazes de juntar os caquinhos aqui dentro.
Eu acho que você também tem medo.
Eu menti para você. Eu encontrei meu lugar e essa é a única certeza que tenho agora